sábado, setembro 20, 2008

A imperatividade da realização das eleições autárquicas na Guiné-Bissau

É imprescindível a realização das eleições autarquicas na Guiné-Bissau, sob pena de continuarmos a ter o poder concentrado em Bissau e sem capacidade de controlar todo o território e aplicar uma política de desenvolvimento nacional, devido ao condicionalismos de várias ordens que o país enfrenta.

No entanto, é preciso uma análise responsável em relação as condições socio-político, económico e estrutural do território para a realização do referido pleito. Pois é pertinente uma reorganização da nossa destribuição administrativa do território em relação aos sectores e secções, tendo em conta que a realidade vigente actualmente, levanta interrogações pertinentes a esse nível.

É, inegável o facto de que o país não está neste momento munido de condições mínimas para a realização destas eleições no seu todo, embora nada impede que se accionem mecanismos alternativos para a sua realização, adoptando estratégias viáveis para o seu sucesso, onde se poderá experimentar outras formas de contornar a situação, nomeadamente a realização parcial destas eleições em algumas zonas geográficas do país.

A proposta aqui levantada para um debate alargado, isto é, em relação as zonas que minimamente apresentam condições de ser autogeridos por uma administração do poder local, é a realização das eleições autarquicas em determinadas zonas, como por exemplo em: Bissau (Capital), Bolama, Cacheu e Gabu. Pois, numa primeira fase essas experiências podem contribuir positivamente na reestruturação e preparação do país para a realização das demais eleições autárquicas nas outras zonas. Esta estratégia poderá também permitir o descongestionamento da cidade de Bissau e a consequente desconcentração do poder na capital.

Não se pode pensar, muito menos falar, numa hipotética redução da pobreza na guiné, quando mais de 75% do seu território nacional não funciona minimamente, sem infraestruturas e recursos humanos.

Temos um país, onde tudo está concentrado numa capital sem capacidade para aglomerar a população que hoje possuí e também de dar respostas as necessidades e preocupações dos seus citadinos. A estratégia de concentração do poder, adoptada irresponsavelmente pelo PAIGC ao longo dos últimos anos acabou por empobrecer o país e sufocar a capital em todos os níveis.

O país precisa duma administração local funcional, que possa atrair investimentos económicos nas regiões, incentivando a produção local e a sua consequente transformação e escoamento dos produtos.

Por isso, é imperioso a realização das eleições autárquicas para salvar o país do caos que os actores da cena política guineense teimam em conduzir o país, levados pelos seus interesses mesquinhos, em detrimento do interesse nacional.