Sempre desejava ser um dos muitos adolescentes e jovens que juraram a Bandeira, com as suas fardas verdes e lenços amarelos, amarados na garganta. Porque para mim, aquilo significava muito e era orgulho de muitos dos meus colegas naquela altura. Lembro-me de ter ido acompanhar a minha irmã mais velha no dia em que jurou a Bandeira. Não só estava bonita,como muitos dos seus colegas também estavam, mas a alegria que transmitiam contagiavam qualquer um, que ama aquela Bandeira. Lembro-me que todas as pessoas que passavam na hora de astear a Bandeira, paravam e ficavam em posição de sentido como sinal de respeito e consideração para com a pátria, não só os que estavam a andar a pé, mas também os que passavam de carro.
Na altura eu estava mais virado para a ginastica massiva, na arte de brincar com dois takos, vestido de branco e a rigor. Lembro-me que era um dos que foram seleccionados para representar a escola do Ensino Básico Revolução de Outubro, na grande apresentação da ginastica massiva no Estádio 24 de Setembro, na altura com relvas verdes, pinturas frescas, lampadas a funcionar e autofalantes em pleno. Também era orgulho de qualquer adolescente representar a sua Escola naquele grande evento. Infelizmente, por razões de saúde não pude participar na apresentação, mas fiz questão de estar no Estádio para ver os meus colegas a brincarem e a mostrar que era, e acredito que ainda é, possível fazer algo de bom e com uma organização de luxo na guiné.
Neste peripécie de recordações e lembranças, não podia deixar de mencionar a figura ou personalidade que marcou a minha geração e, não só, com boas e mãs referências. Refiro-me o General – Presidente Kabi na Fantchamna, mais conhecido por Nino Vieira. Adorado por muitos e odiado por muitos, mas que fingia interessado em “agradar” gregos e troianos...
Também lembro-me de muitos dos nossos mais velhos que corriam juntamente conosco para a estrada principal, desde quando existia somente uma faixa, que era fechada completamente ao transito normal, como posteriormente com as duas faixas, para ver passar o General - Presidente Nino Vieira, quando ia ou regressava duma viagem para o estrangeiro ou simplesmente quando deslocava para o Aeroporto Osvaldo Vieira para receber um outro Presidente que visitava a Guine-Bissau. Ficavamos, tanto crianças como os mais velhos, parados numa sombra, as vezes debaixo do Sol, a beira da estrada a espera de ver passar a carravana presidencial, muita das vezes passava de uma hora de atraso, mas la ficavamos nós a espera, para bater palmas e gritar ainda “Cabiii, cabiii, cabiii”. Acima de tudo, existia dois momentos que marcava o acontecimento, nomeadamente: as brincadeira de mota do Koto Braima e a passagem do Limousine, do Embaixador dos Estados Unidos da America, sem deixar de admirar também a famosa Polícia Transito Lalá, este último destacava-se por ser na altura a unica mulher polícia que andava de motorizada na altura.
Este acontecimento, não só representava a gratidão em relação aos que nos visitam, de algo para fazer e ocupar o tempo livre com algo mais produtivo, como representava também o renovar da confiança dos guineenses nos que deram as suas juventudes para tornarmos independentes. Mas infelizmente, os sinais transmitidos pelo povo aos que dirigiam os destinos da Nação foi inutil, pois estes não só não souberam compreende-los e interpretá-los como abusaram da confiança, do respeito, humildade e roubaram grosseiramente aquele mesmo povo.
Ao longo de todos estes anos da existência da Guiné-Bissau, como um país soberano e independente, os sucessivos (des) governantes procuraram estupidamente humilhar o povo, desvirtuando completamente o princípio de unidade e progresso.
A unidade, esta a tornar-se em desunidade e o progresso em retrocesso. O país caminha sem rumo, sem perspectivas, sem liderança, sem projectos.
A unidade, esta a tornar-se em desunidade e o progresso em retrocesso. O país caminha sem rumo, sem perspectivas, sem liderança, sem projectos.
A preocupação é cada vez maior, sem luz a fundo do tunel. A desilução atingiu os guineenses a um ponto que já não acreditam em quase ninguem, pois já passaram pela governação muitos dos ditos intelectuas guineenses que também não foram capazes de apresentar alternativas ou provar o contrário. Quase todos os que passaram pela governação, não apresentaram nada de novo ou de diferente.
Com as primeiras eleições pluripartidarias no país, foram chamados para o governo muitos jovens formados no estrangeiro, aparentemente podiam constituir uma mais-valia para o país, porque estudaram em países desenvolvidos e possivelmente poderiam apresentar uma outra forma de estar e fazer política. No entanto, foi o governo mais corrupto na história do país, desvalorizando completamente a ética política.
Depois do conflito político-militar, com a vitória do PRS, este partido humildemente chamou muitos dos intelectuais independentes para reforçarem o elenco governativa, porque o partido na altura não possuía quadros suficientes para garantir uma boa governação. Estes independentes também não conseguiram levar para a governação os seus conhecimentos e reforçar a governação.
Entretanto as eleições de 2004, o povo decidiu dar beneficio de dúvida ao PAIGC, depois de uma passagem na oposição, pensando que podiam aprender algo. Foi pior erro que o país cometeu, pois este partido provou mais uma vez que a missao deles terminou com a conquista da independência pela arma. Este partido não foi concebido para pensar o desenvolvimento do país e trabalhar para isso, o que provaram a todo mundo. Foi Partido-Estado durante 18 anos e não conseguiram proporcionar os guineenses minimamente o básico para a sua sobrevivência.
Este ciclo de desgovernação empobreceu o país em todos os níveis. Sendo o momento mais preocupante, a saída dos recursos humanos capacitados e de qualidades para o estrangeiro e, a não regresso de muitos que estudaram no estrangeiro ao país.
O país tomou outro rumo, onde a cultura de mediocridade, intriga e calúnia conquistava cada vez mais “respeito” e “admiração”; onde a corrupção se tornava uma referência “positiva” de Matchundadi; onde o banditismo conquistava mais “adeptos” e “simpatias; onde escola deixou de merecer consideração...
A interrogação que importa levantar, tem a ver com o caminho que se deve seguir, para tirar o país do marasmo em que se encontra, missão esta de responsabilidade de todos os guineenses e amigos da Guiné-Bissau, porque o país não pode continuar assim. É preciso que todos contribuam positivamente na busca de soluções, que existem, para que possamos proporcionar os nossos filhos e netos melhores condições de vida.
Juntos podemos conseguir.