sexta-feira, fevereiro 22, 2008

O próximo congresso do PAIGC: ajuste de contas ou reconciliação?

Os contactos multiplicaram entre os candidatos à liderança do maior partido da oposição guineense e os delegados eleitos para o conclave. Depois de sucessivos adiamentos do congresso, parece que desta vez, será mesmo para valer.
Com conflito interno que é dificil de compreender ou expor, consequência da zanga dos “compagnons de routes”, os delegados assumem uma responsabilidade acrescida na proporção em que, esta também em jogo a estrategia do Partido para as proximas eleições legislativas deste ano. Mas, a profundeza da divisão interna deixa muito a interrogar em relação a capacidade de analise e maturidade política, dos delegados desta Assembleia Magna, em saber escolher entre a velha geração de luta, liderado pelo candidato Bacai Sanhá, a geração de semi-roptura com o passado, liderado pelo candidato Carlos Gomes Junior, vulgo “Cadogo filho”, e a geração Abel Djassi (nome de luta de Amilcar Cabral), encabeçado pelo jovem Baciro Djá.
Importa neste congresso saber qual é o papel que jogará o actual Presidente da República, com uma influência muito consolidada no seio desta formação política. Dos trés candidatos, todos necessitam do seu apoio para se chegar a liderança do partido ou de em caso de vitória, para a reunificação do partido e preparar os desáfios do jogo democrático. Este será sem dúvida um encontro também de ajustes de conta entre os militantes deste partido, onde as demais traições, deixou muita magoa e ódio. A verdade de cada um será analisado e defendido de acordo com o grau de camaradagem conseguido entre os delegados e os tachos acordados como recompensa. Os grandes problemas do país, dificilmente poderá constituir preocupação dos concorrentes e dos delegados, será relegado para um plano menos interessante, nesta luta do poder.
O “Cadogo filho”, a tentar manter a sua liderança fragilizado e sem autoridade política, com o distanciamento cada vez maior dos seus “ditos” delfins a troco de lugares ministeriaveis, terá pela frente um Bacai Sanhá, que apoiou a sua candidatura as últimas eleições para à Presidência da República do qual saíu derrotado, e do jovem Baciro Djá, que era da cúpula dos apoiantes frenhos da candidatura do Bacai a Presidência da República.
A questão que se levanta, é de saber o porque de agora o Bacai ter virado contra o Cadogo, e o Baciro Djá a concorrer contra o Bacai, que em tempos julgou puder ser seu Presidente da República e hoje não alinha com ele para ser o seu Presidente no Partido?
Estamos perante uma novela tipicamente africana, que o “Papé de nha raça”, certamente transportará para os palcos do teatro guineense. A luta pelo poder no PAIGC, despiu o capote de honra de homens dignos desse nome e cimentou o cakrismo e o sapismo da claudicação.
Não se sabe, se se pode esperar muito deste congresso, enquanto tudo gira a volta do Presidente da República, João Bernardo “Nino” Vieira, que tem vindo a marcar à agenda política paigecista, dando benção aos que lhe lambem as botas para conseguirem um sorriso seu de dente branco esfregado com carvão e sal.
Esta instabilidade no seio do PAIGC, parece beneficiar consideravelmente a imagem do Presidente da República, dando-lhe margem de manobra de controlar a seu prazer o rumo dos acontecimentos neste partido. A reconcilhação interna é-lhe desfavorável, pelo que continuará a usar o seu maqueavelismo para continuar a controlar o desenrolar da situação neste partido.
É possível levantar a hipotese, dum eventual acordo entre o Bacai e o Baciro Djá, para delinear uma estratégia conjunta de derrotar o Cadogo, tendo em conta a intenção de Bacai de voltar a candidatar as presidenciais de 2010, porque de certeza com o Cadogo a frente do PAIGC, o Bacai não voltará a ter o apoio deste partido. No caso do desaparecimento do actual lider, e uma promessa dum alto posto ao Djá, o Bacai poderá continuar a sonhar com a Presidência da República. Mas, este congresso esta também ensombrado pelo acordo entre o Presidente Nino Vieira e o Kumba Yalá. Como o resultado deste congresso poderá clarificar quem será o potencial candidato do PAIGC as próximas eleições presidenciais, que terá como o seu forte adversário o Dr. Yalá, significa que poderemos ficar a saber o fundo deste acordo. Porque se o acordo se baseia no apoio do Presidente Vieira ao Kumba, ele (Nino) tentará de certeza aniquilar o Bacai neste Congresso, começando assim a retribuir o apoio recebido da parte do Kumba, que entrará em campanha eleitoral logo de seguida.
O embate mais duro que este conclave promete, será sem dúvida entre os ninistas e os cadoguistas, numa primeira fase. Segue-se numa fase subsequente, no caso do acordo entre Nino e Yalá ser para tirar do caminho o Bacai, entre os ninistas e cadoguistas “contra” o Bacai, que será visto como o grande oportunista. Em relação ao Djá, não se sabe até que ponto conseguirá representar a juventude, visto que a sua candidatura não reune consenso no seio da JAAC, base juvenil do PAIGC, partindo também ele desfalcado e longe de puder conseguir constituir a surpresa, mais haver vamos.
Não se pode esperar que não se comprem as consciências dos delegados, pois a maioria irá para o encontro deixando os filhos em casa de barriga vazia ou com um “tiro” garantido sem “mafé”, pelo que, se acontecer as “compras”, ganha quem pagou mais e perde a democracia e o país.
Estamos atentos

domingo, fevereiro 10, 2008

Guiné-Bissau: proximas eleições legislativas

Com as eleições legislativas à porta, os partidos políticos guineenses já estão no terreno, na tentativa de fazer passar a sua “mensagem”, junto duma população que se mostra cada vez mais a sua generosidade nas questões políticas.
De eleições em eleições, o país não conseguiu ainda encontrar o caminho para o tão almejado desenvolvimento sustentado, tanto falado e prometido por diferentes forças políticas nacionais.
Esse desinteresse convida a uma analise cuidada dos prós e contras das próximas eleições, na proporção em que as várias eleições realizadas não conseguiu trazer algo de novo, nem um novo elã, para fazer face aos desáfios que o país arrosta, neste mundo de globalização de que tanto se fala e que exige ser acompanhado de igual por igual, independentemente das assimétrias entre os países.
Este processo acontece num contexto extraordinário único, tendo em conta o tal “Pacto de Estabilidade Governativa” assinado entre os trés maiores partido políticos, válido também para esta eleição. Mas importa erigir algumas interrogações na médida em que, continua a pairar a dúvida em relação a continuidade do referido acordo, tendo em conta as fortes divergências internas nos diferentes partidos que compoem o referido pacto.
Ate que ponto este pacto tem sido útil ao país? Sera que o pacto é uma alternativa saúdavel para os problemas do país? Quem é que realmente dirige o governo proviniente do pacto?
Aqui pode-se tirar algumas considerações políticas essênciais, para uma reflexão cuidada da evolução polítiva guineense e responsabilizando os actores políticos da cena, a uma reavaliação das suas actividades partidárias que não tem ajudado minimamente no processo de consolidação democratico. Existe cada vez, maior divórcio entre a sociedade civil e a acção políltico partidaria guineense. A desconfiança e insatisfação da população junto dos políticos é enorme.
É manifestamente claro à ausência total duma estratégia política viável para o país. Os diferentes governos que assumiram a gestão do Estado, desde a abertura multipartidária, não conseguiram traçar linhas orientadoras saudaveis de governação, mostrando uma despreparação total da administração pública. O capote da dita experiência de que tantos exibem, provou N vezes, o quão é falso essa desculpa fantosh, com o qual muitos partidos bloquearam a rejuvenescimento nos seus seios, fechando as portas à inovações nos partidos.
No PAIGC, “A Lei de Bronze das Oligarquias” de R. Mitchels, no sentido mediocre do termo continua a condicionar de que maneira, a acção da nova geração, que acabam por sucumbir as estratégias maléficas de denegrir as imagens dos que querem promover a mudança no seio deste partido fechado para sí mesmo. Assiste-se nas acções do PAIGC, as mesmas tácticas retrogadas, sem uma visão clara, com os mesmos actores de sempre, fracos e ultrapassados. Um partido grande por fora, muito grande, e fofo por dentro.
O PRS, com o seu Lider incontestável, com um comando na mão à dirigir o partido a distância, a partir do Marrocos, tem vindo a surpreender pela "posítiva", mostrando ser o único a saber resolver os seus problemas internos, à bell prazer do Dr. Kumba Yalá, desculpando os que acha que tinham sido menos leal para com ele. Um PRS, que é arrastado pela popularidade do seu lider, embora com novas gerações de políticos, não conseguiu inovar, nem dar um novo impulso aquele partido que continua a viver a custa dos seus eleitores fieis, mobilizados pelo seu Lider Dr. Yalá. Neste partido, tudo depende do Dr. Yalá, o “dono” e “Supremo Chefe” [As Orações de Mansata, Abdulai Sila, 2007] do PRS.
Em relação ao PUSD, a dúvida é mais aguda, na medida em que continua por provar que realmente conseguirá sobreviver depois destas eleições, sabendo que já não podem contar com o Dr. Fadul que conduziu este partido e muitos políticos deste movimento ao poder. Um partido com uma liderança frágil, onde se confunde vontade com o mérito.
No computo geral, o país esta despido de políticos qualificados, com mérito e visão lúcida, deste mundo contemporâneo, em que não podemos ficar alheio, as responsabilidades que a acção política impõe. Não se pode continuar a admitir, este comportamento mediocre de mendigos e coitadinhos. Não se pode continuar a pensar somente nas ajudas externas, quando não se apresenta resultados condignos dos mesmos apoios.
É preciso uma nova fase política na guiné, onde o nepotismo, o clientelismo e amiguismo, deixará de existir, dando oportunidade a uma nova geração de políticos, responsáveis e comprometidos única e exclusivamente com o desenvolvimento do país, previlegiando o Savoir Faire, e onde as políticas favorecerão o povo, de forma à atrair este a colaborar no arduo trabalho de tirar o país do lamaçal em que foi estupida e ignorantemente colocado.
Por isso as próximas eleições, onde a população não conseguirá de certeza ficar indeferente, merece ser muito bem aproveitada pela classe política de forma a tentar começar a fazer pazes com a população, que tanto enganaram e humilharam ao longo de todos estes anos, sem nenhuma luz no fundo do tunel.

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Reflexo da situação queniana face a consolidação da União Africana

Passado um mês pós-eleições quenianas, continuamos a assistir o impasse nas negociações para a paz. Aquele país africano, considerado como um exemplo de crescimento e sustentabilidade económica, mergulhou numa profunda crise pós-eleitoral, como consequência da alegada fraude eleitoral.
O que se esta a passar hoje no Quenia, merece uma reflexão serio daqueles que realmente pensam uma àfrica melhor e desenvolvida. Porque é incompreensível e inacreditavel no que esta a acontecer neste país, duma forma leviana, africanos estão a matarem-se uns aos outros, a sangue frio, sem dó nem piedade, duma forma horrível.
É preciso que os políticos africanos saibam usar o dialogo para o bem das populações, que ja sofrem da pobreza, da deslocalização forçada, da guerra, da corrupção..., de forma que as suas apostas e confianças, depositados nos governantes, sejam assumidos com responsabilidade, para o bem estar de todos. A Africa merece e precisa ser dirigido pelos seus melhores filhos, de forma a inverter a lógica da situação.
O africanos devem continuar a trabalhar, especialmente os próprios quenianos, na pacificação da Quenia quanto antes, sob pena daquele conflito tomar outros contornos, que possa desestabilizar aquela zona continental. Porque a solução esta no dialogo, por isso é importante ser usado.
A democracia em Africa, precisa ser repensado no intuito de evitar, situações do genero que tem perseguido este continente, eleição após eleição. Na maioria dos países africanos, depois das eleições, assiste-se sempre conflitos por causa dos resultados, que acaba por ser hipocritamente aproveitado pelos políticos oportunistas, de forma a provocar conflitos interetnicos.
Com o projecto da construção da União Africana, numa fase de intenso debate, porque julgo que o pós-cimeira, vém justificar ainda mais a necessidade da inclusão deste tema no debate inter-africanos e nacional de todos os países. Os africanos teem qe descutir ate exaustão, se necessário este projecto de união e contribuir plenamente na sua constituição.
Numa analise profunda da intervênção do Lider Supremo Líbio, M. Kadaffi, o velho conflito entre à Africa Norte e o resto da Africa, continua bem presente. E a chantagem em relação a deslocalização dos financiamentos, é um jogo político baixo para quem tem investido muito, embora duma forma errada, na sua política externa a favor da edificação da União Africana.
Verifica-se uma ausência total deste debate junto da sociedade civil africana. Todo o processo esta concentrado no topo a ser tratado politicamente, sem permitir que as populações opinam e participam na construção deste grande projecto, evitando o risco de vir a ser mais um outro projecto imposto, sem o seu consentimento.
Vamos construir à Africa com os Africanos e com todos os que pensam positivamente a Africa

Nova cara

O ano que ora se começa, marcará uma nova fase deste espaço, na medida em que os desáfios vão sendo cada vez maior, o que obriga uma nova dinámica e entrega, quer pessoal, quer dos que manifestaram a vontade de passar a colaborar na animação deste blog.
O verde que agora caracteriza a apresentação deste espaço, tem à ver com a necessidade de contribuir positivamente na inversão da compreensão do conceito Esperança, do continente verde, numa acção pragmatica e sustentado. Fazer sair a Esperança que encontra dentro dos que acreditam em Africa para fora, fazendo algo em pról do desenvolvimento do continente.
Esta nova fase exige muita sabedória e responsabilidade acrescida, para trabalhar na edificação duma cultura de paz, democracia e respeito pelos direitos humanos em Africa, com especial atenção para com a Guiné-Bissau.