sexta-feira, março 31, 2006

Política à Macacada

A garantia da sobrevivência do dia-a-dia na guiné passa-se em boa parte em conseguir um lugar no governo. Neste país, muitas das vezes a liberdade é confundido com a libertinagem, fazer política tornou-se no negócio mais lucrativo, todos mandam e ninguem cumpre, todos são possuídores da verdade, cada um defende a razão a sua maneira. Dizia um amigo, fazer política na guiné é facil, basta usar oculos e pendurar trés canetas no bolso da camisa e ir junto da população e começar a insultar os governantes, numerar as dificuldades que o país enfrenta, é suficiente para reclamar a sua capacidade de liderança e começar a recolher assinaturas para a criação do seu partido, não precisas apresentar solução para todos os problemas mencionados, nem staff para tal.

A democracia tem as suas regras que intransigentemente tem de ser cumpridas por todos.

Passados 15 anos da adopção do país a multipartidarismo, onde o povo foi chamado 3 vezes para escolher os seus representantes para a Assembleia Nacional Popular e Presidente da República, continuamos a interrogar que modelo de democracia deve ser adoptado para a guiné. A instabilidade político militar é constante, o país ficou totalmente bloqueado e sem estratégias para ultrapassar o caos socio-económico existente. Não há consenso entre os políticos, no que diz respeito a grandes causas do interesse nacional.

O país esta entregue a mediocridade, a corrupção e a impunidade. É uma macacada autentico. A casa da democracia ( a assembleia) esta repleto de negociantes, uma anarquia completa, não se respeita a hierarquía, cada um faz o que lhe apetece.

O descredito da população nas instituições públicas é cada vez mais notório. E a política entrou num colapso total, sem alternativa nem inovação. E o povo observa calado e serenamente.

É preciso fazer naquele país uma roptura drástica com o seu passado negro. Democratizar os próprios partidos e seleccionar seriamente os mais bons para pensar o país e galvanizar aquele povo rumo ao desenvolvimento. Os bons teem que provar cada vez mais que são bons e eliminar por completo a espectacularidade dos mediocres e incompetentes. Fazer uma aposta seria na formação e capacitação dos recursos humanos de qualidade e definir uma estrategia eficaz de crescimento económico na base dos nossos próprios recursos interno bruto. Aplicar sistemas financeiros que eliminam por completo a circulação do dinheiro público nos ministerios, concentrando todos os pagamentos num sistema bancário propício para tal.

Cada um deve orgulhar-se de fazer o que sabe fazer. Os pintores devem continuar a pintar, os pedreiros devem continuar a construir casas, pescadores devem continuar a pescar, baloberos devem continuar a derramar cana nas Balobas, os lutadores devem continuar a lutar. " Kada nhai na si bisilon".

É possivel inverter o rumo da política na guiné, e correr com os opurtunistas encapotados de políticos.

Vamos pensar e trabalhar para uma nova guiné, onde a cultura de trabalho prevalece.


Guiné i di si bon fidjus

terça-feira, março 28, 2006

"Será útopia!!! Os guineenses decidiram "Toca-Tchur" do "Djitu ka Ten". A decisão saíu numa reunião de grandes Baloberos tradicionais, preocupados com o rumo que o país esta a seguir. No mesmo encontro ficou também decidido a realização de várias cerimóneas para lavar o "Tchon", dos males que o assolam. Mas, infelizmente o conselho dos politiqueiros, não ratificaram ainda o acordo de forma a poderem colaborar directamente na realização da referida cerimónea, porque os irãs condicionaram o acto com o aval destes".
O conformismo porque passa a guiné, merece a preocupação de todos aqueles que perspectivam uma guiné melhor e progressiva. O clientelismo barrato promovido pelos mediocres precisa ser bloqueado com uma resposta urgente e intelectual, dos melhores filhos daquele país, contrariando desta forma posítivamente o destino daquele país com condições de proporcionar muitas maravilhas ao seu povo, na base do trabalho.
A reconquista da confiança nas instituições estatais e não só, por parte das populações deverá constituir uma prioridade imediata, proporcionando a honestidade e competência, para que possam cumprir cabalmente com as funções de que são incumbidas e pagas.
Os pedreiros teem que continuar a construir casas, carpinteiros que continuem a fazer moveis, pintores que continuem a pintar, etc..., cada um deve continuar a fazer aquilo que sabe fazer, tentando evoluir cada vez mais de forma a poderem responder satisfatóriamente as solicitações. Os baloberos que continuam a deramar cana nas "Balobas" e pedir as irãs para colaborarem no processo de desenvolvimento do país.
Por isso vamos todos fazer pressão para que o conselho dos politiqueiros ratifique o grande acontecimento, que os baloberos propuseram.
Abraços

terça-feira, março 21, 2006

A nossa lusa língua

língua lusa minha.
não sei se sonhas ó língua! sei sim que deixas sonhar.
língua! lusa língua minha companheira é amiga, fraterna, e arauto. rejeita espaços herméticos, fechados, limitados por falsas fronteiras. veste-se literariamente de tendências universalistas.
e quando um dia transportada em caravelas foi impelida a sonhar com “novos mundos” deixou-se conquistar. conquistámo-la! é ternuramente nossa.
anichou-se nos meus sonhos. sonha comigo e alimenta o calcanhar da minha terra vermelha vestindo musas e amantes de muitos amores. na sua mágica andança pelas novas “moranças” africanas aonde se instala, ora é ponte, ora é chave para ganhar espaços dantes negados...
e ajuda o sonhar e falar e encantar e ser e ter.
lusa língua, minha ferramenta operária é o meu baú de sentimentos, enciclopédia viva de tolerância. algures na costa ocidental da áfrica, mostra-se solidária, tolerante. interpreta camões na lírica dança multirracial ritmada pelo som mediático do compasso ancestral do bombolom. coabita criolizada e criadora ao lado de mais de duas dezenas de outras línguas, ali nascidas mas feitas almas gémeas ante a iminência da construção de uma terra nova.
nas águas serenas do corubal a lusa língua sobe rio acima... e na parede alta do macaréu sonha com o meu país que um dia será nação. ali, a lusa língua sonha com noites sem insónias e sem bastões analfabetos molestando gente e abafando mentes ávidas de saber.
afinal língua, tu sonhas, interpretando sonhos que não dormem!

Por - tony tcheka

quarta-feira, março 15, 2006

As Mulheres...

Em baixo estão publicadas trés poesias, dos quais convido oas cibernautas a apreciá-las. São obras do nosso humilde poeta, que dispensa apresentações...

Era mulher, era tempo de guerra em terra de paz

Era
mulher grande
do tamanho da vida

mulher palavra
mulher de eira
vestida de safras largas de canseira

mulher bideira
mulher, fêmea de vida
mulher companheira

no beco,
vendia
no beco
sofria
no beco
sorria

misteriosamente tranquila

esgueirava-se à sina má
fintava a vida madrasta

foi ali, no chão do seu trabalho
falho de sorte que o metal
marcado de morte a surpreendeu

faltou-lhe tempo...
não soube esquivar-se
ali ficou, agarrada ao seu balaio de mistida

era mulher!

tony tcheka- bissau/1998

Só Mulher, tanto Mulher

Mulher da guiné
sorriso suspicaz
paz e sossego
em corpo fêmea

Na hora de kufentu
no rufar do macaréu
no reduto do pico da dor
libertas amor
e soltas sinfonicas gargalhadas
- és mulher crescendo
de mansinho
só mulher
tanto mulher!


tony tcheka
Bissau

Mulher da Guiné

Intimas o espaço
frondosa
palmeira verde
desafias o arco-íris
nas tuas cores
de mulher
caminhas suave
navegando
em estradas
de nenufares

Mulher da guiné

amendoinha, fole, manga da terra
cabaceira, abacate, goiaba, veludo
- os sabores dos teus lábios

Mulher da guiné

mimoseas o andar
como o canto de uma voz eunucua
coqueiro balouçando ao vento
perfume de terra molhada
beijando a esplanada de areia branca de varela

sorriso brando
corpo ébano
suando a maresia
és tu Mulher da Guiné

marcam-te o espaço na órbita
das três pedras do fogão
nos circuitos da lenha
no vai-vem da fonte
de - balde - em - balde
nos labirintos esquecidos da cozinha
querem-te domesticamente adormecida

mas
segue os acordes
das melodias do teu chão
dos korás, e bombolons
dos djembés e dos nhanheros
- os teus caminhos

Mulher da Guiné

corpo veludo sossego
musicado em sons de flauta
duas pequenas luas
explodindo na cara canseira
asseda os tormentos
caminha fêmea como a tua Guiné
a novos partos de sabura.

tony tcheka
praia de Varela