quarta-feira, abril 26, 2006

Cinismo ou Oportunismo Político

É incompreensível a forma como as pessoas encaram a política na Guiné-Bissau. Cada um goza com aquele povo a sua maneira.
Ao acontecer o que o ex-candidato do PAIGC derrotado nas últimas eleições presidenciais o Sr. Malan Bacai Sanhá anunciou fazer, instalar temporariamente em Dakar, afim de preparar a sua imagem e contactar mais com a Comunidade Internacional, porque ele é que será o proximo Presidente da República daqui a cinco anos, por isso tem que ir apreender como ser bom presidente em Dakar, só pode ser caracterizado de oportunismo político ou cinismo, para com o povo guineense.
Esta estratégia covarde e baixo é prova de falta de maturidade política e ignorância total deste que quer um dia dirigir os destinos do povo guineense. Se este senhor decidiu fazer política, no minimo devia saber que não se faz politica somente estando no poder, porque a oposição é também indispensável para a consolidação democratica na guiné.
Nesta fase que o país precisa e mais do que nunca de todos os actores politicos e não só, na busca de soluções para a situação vigente no país, este senhor que também foi um dos principais responsáveis por esta situação que o país atravessa e onde ele ainda pensa um dia ser presidente de todos os guineenses, pura e simplesmente decidiu fugir.
Das duas uma: este senhor esta com medo que os guineenses descobrem que afinal ele não tem perfil para ser o presidente de todos os guineenses ou ele quer afastar para evitar proferir mais disparates.
"Pubis ka buro, udju odja boka kala"

quarta-feira, abril 19, 2006

Cultura de Pancadaria... até quando?

Infelizmente ainda existem pessoas que não compreendem que a brutalidade, não é o caminho para uma convivência sã naquele país tão depauperado.
Na primeira pessoa, deixo-vos o relato do que aconteceu a uma jovem guineense, récem formada que regressou o seu país de origem, de forma a contribuir directa e positivamente no processo de desenvolvimento da guiné.
Es a explicação da vitima:
" Depois de 3 meses em bissau,sai no domingo 09/04,fui visitar uma tia no bairro internacional no regresso andei no passeio do Ex-presidente Cumba Iala que se encontrava sem quaisquer sinais de proibicao, sem saber que o tal facto era proibido e que ao faze-lo estava eu a cometer um crime.

Ao passar 300m da casa dele fomos abordadas duma forma nada passifica por algumas pessoas que estava sentadas a jogar dama frente da casa deleque me disseram que aquela rua era intransitavel, respondemos que isso nao e a forma de falar com as pessoas e alem demaisnao havia nada quecomprovasse que a rua era intrasitavel.

esta resposta me custou insultos no meio da rua,o que me obrigou a parar no hospital devido as feridas na cabeça resultante de violentos golpes inpingidos com uma PISTOLA, na boca parti um dente e nas costas.

Se a PISTOLA nao tivesse caido,eu nao estaria ca hoje a testemunhar o ocorrido. Na policia ao ouviram o nome do Ex-presidente ninguem quer tomar providencias possiveis,no dia seguinte disseram que ele esta preso,mais com pressao do M.do Interior que e nomeado por proprio Ex.presidente. "

P.S: Naquele dia eu estava com a Djenane que conseguiu fugir.

Nadine do reis gomes

Funcionaria do M. de Turismo e Ordenamento Territorial, Sociologa.
Aqui vai as fotografias da vitima:

sexta-feira, março 31, 2006

Política à Macacada

A garantia da sobrevivência do dia-a-dia na guiné passa-se em boa parte em conseguir um lugar no governo. Neste país, muitas das vezes a liberdade é confundido com a libertinagem, fazer política tornou-se no negócio mais lucrativo, todos mandam e ninguem cumpre, todos são possuídores da verdade, cada um defende a razão a sua maneira. Dizia um amigo, fazer política na guiné é facil, basta usar oculos e pendurar trés canetas no bolso da camisa e ir junto da população e começar a insultar os governantes, numerar as dificuldades que o país enfrenta, é suficiente para reclamar a sua capacidade de liderança e começar a recolher assinaturas para a criação do seu partido, não precisas apresentar solução para todos os problemas mencionados, nem staff para tal.

A democracia tem as suas regras que intransigentemente tem de ser cumpridas por todos.

Passados 15 anos da adopção do país a multipartidarismo, onde o povo foi chamado 3 vezes para escolher os seus representantes para a Assembleia Nacional Popular e Presidente da República, continuamos a interrogar que modelo de democracia deve ser adoptado para a guiné. A instabilidade político militar é constante, o país ficou totalmente bloqueado e sem estratégias para ultrapassar o caos socio-económico existente. Não há consenso entre os políticos, no que diz respeito a grandes causas do interesse nacional.

O país esta entregue a mediocridade, a corrupção e a impunidade. É uma macacada autentico. A casa da democracia ( a assembleia) esta repleto de negociantes, uma anarquia completa, não se respeita a hierarquía, cada um faz o que lhe apetece.

O descredito da população nas instituições públicas é cada vez mais notório. E a política entrou num colapso total, sem alternativa nem inovação. E o povo observa calado e serenamente.

É preciso fazer naquele país uma roptura drástica com o seu passado negro. Democratizar os próprios partidos e seleccionar seriamente os mais bons para pensar o país e galvanizar aquele povo rumo ao desenvolvimento. Os bons teem que provar cada vez mais que são bons e eliminar por completo a espectacularidade dos mediocres e incompetentes. Fazer uma aposta seria na formação e capacitação dos recursos humanos de qualidade e definir uma estrategia eficaz de crescimento económico na base dos nossos próprios recursos interno bruto. Aplicar sistemas financeiros que eliminam por completo a circulação do dinheiro público nos ministerios, concentrando todos os pagamentos num sistema bancário propício para tal.

Cada um deve orgulhar-se de fazer o que sabe fazer. Os pintores devem continuar a pintar, os pedreiros devem continuar a construir casas, pescadores devem continuar a pescar, baloberos devem continuar a derramar cana nas Balobas, os lutadores devem continuar a lutar. " Kada nhai na si bisilon".

É possivel inverter o rumo da política na guiné, e correr com os opurtunistas encapotados de políticos.

Vamos pensar e trabalhar para uma nova guiné, onde a cultura de trabalho prevalece.


Guiné i di si bon fidjus

terça-feira, março 28, 2006

"Será útopia!!! Os guineenses decidiram "Toca-Tchur" do "Djitu ka Ten". A decisão saíu numa reunião de grandes Baloberos tradicionais, preocupados com o rumo que o país esta a seguir. No mesmo encontro ficou também decidido a realização de várias cerimóneas para lavar o "Tchon", dos males que o assolam. Mas, infelizmente o conselho dos politiqueiros, não ratificaram ainda o acordo de forma a poderem colaborar directamente na realização da referida cerimónea, porque os irãs condicionaram o acto com o aval destes".
O conformismo porque passa a guiné, merece a preocupação de todos aqueles que perspectivam uma guiné melhor e progressiva. O clientelismo barrato promovido pelos mediocres precisa ser bloqueado com uma resposta urgente e intelectual, dos melhores filhos daquele país, contrariando desta forma posítivamente o destino daquele país com condições de proporcionar muitas maravilhas ao seu povo, na base do trabalho.
A reconquista da confiança nas instituições estatais e não só, por parte das populações deverá constituir uma prioridade imediata, proporcionando a honestidade e competência, para que possam cumprir cabalmente com as funções de que são incumbidas e pagas.
Os pedreiros teem que continuar a construir casas, carpinteiros que continuem a fazer moveis, pintores que continuem a pintar, etc..., cada um deve continuar a fazer aquilo que sabe fazer, tentando evoluir cada vez mais de forma a poderem responder satisfatóriamente as solicitações. Os baloberos que continuam a deramar cana nas "Balobas" e pedir as irãs para colaborarem no processo de desenvolvimento do país.
Por isso vamos todos fazer pressão para que o conselho dos politiqueiros ratifique o grande acontecimento, que os baloberos propuseram.
Abraços

terça-feira, março 21, 2006

A nossa lusa língua

língua lusa minha.
não sei se sonhas ó língua! sei sim que deixas sonhar.
língua! lusa língua minha companheira é amiga, fraterna, e arauto. rejeita espaços herméticos, fechados, limitados por falsas fronteiras. veste-se literariamente de tendências universalistas.
e quando um dia transportada em caravelas foi impelida a sonhar com “novos mundos” deixou-se conquistar. conquistámo-la! é ternuramente nossa.
anichou-se nos meus sonhos. sonha comigo e alimenta o calcanhar da minha terra vermelha vestindo musas e amantes de muitos amores. na sua mágica andança pelas novas “moranças” africanas aonde se instala, ora é ponte, ora é chave para ganhar espaços dantes negados...
e ajuda o sonhar e falar e encantar e ser e ter.
lusa língua, minha ferramenta operária é o meu baú de sentimentos, enciclopédia viva de tolerância. algures na costa ocidental da áfrica, mostra-se solidária, tolerante. interpreta camões na lírica dança multirracial ritmada pelo som mediático do compasso ancestral do bombolom. coabita criolizada e criadora ao lado de mais de duas dezenas de outras línguas, ali nascidas mas feitas almas gémeas ante a iminência da construção de uma terra nova.
nas águas serenas do corubal a lusa língua sobe rio acima... e na parede alta do macaréu sonha com o meu país que um dia será nação. ali, a lusa língua sonha com noites sem insónias e sem bastões analfabetos molestando gente e abafando mentes ávidas de saber.
afinal língua, tu sonhas, interpretando sonhos que não dormem!

Por - tony tcheka

quarta-feira, março 15, 2006

As Mulheres...

Em baixo estão publicadas trés poesias, dos quais convido oas cibernautas a apreciá-las. São obras do nosso humilde poeta, que dispensa apresentações...

Era mulher, era tempo de guerra em terra de paz

Era
mulher grande
do tamanho da vida

mulher palavra
mulher de eira
vestida de safras largas de canseira

mulher bideira
mulher, fêmea de vida
mulher companheira

no beco,
vendia
no beco
sofria
no beco
sorria

misteriosamente tranquila

esgueirava-se à sina má
fintava a vida madrasta

foi ali, no chão do seu trabalho
falho de sorte que o metal
marcado de morte a surpreendeu

faltou-lhe tempo...
não soube esquivar-se
ali ficou, agarrada ao seu balaio de mistida

era mulher!

tony tcheka- bissau/1998

Só Mulher, tanto Mulher

Mulher da guiné
sorriso suspicaz
paz e sossego
em corpo fêmea

Na hora de kufentu
no rufar do macaréu
no reduto do pico da dor
libertas amor
e soltas sinfonicas gargalhadas
- és mulher crescendo
de mansinho
só mulher
tanto mulher!


tony tcheka
Bissau

Mulher da Guiné

Intimas o espaço
frondosa
palmeira verde
desafias o arco-íris
nas tuas cores
de mulher
caminhas suave
navegando
em estradas
de nenufares

Mulher da guiné

amendoinha, fole, manga da terra
cabaceira, abacate, goiaba, veludo
- os sabores dos teus lábios

Mulher da guiné

mimoseas o andar
como o canto de uma voz eunucua
coqueiro balouçando ao vento
perfume de terra molhada
beijando a esplanada de areia branca de varela

sorriso brando
corpo ébano
suando a maresia
és tu Mulher da Guiné

marcam-te o espaço na órbita
das três pedras do fogão
nos circuitos da lenha
no vai-vem da fonte
de - balde - em - balde
nos labirintos esquecidos da cozinha
querem-te domesticamente adormecida

mas
segue os acordes
das melodias do teu chão
dos korás, e bombolons
dos djembés e dos nhanheros
- os teus caminhos

Mulher da Guiné

corpo veludo sossego
musicado em sons de flauta
duas pequenas luas
explodindo na cara canseira
asseda os tormentos
caminha fêmea como a tua Guiné
a novos partos de sabura.

tony tcheka
praia de Varela

sábado, janeiro 14, 2006

Imagem duma Tabanka Guineense


Tabankas do genero encontrá-se em toda guiné. Muito isoladas, devido a vários factores. O êxudo rural do campo para a cidade de muitos dos jovens destas Tabankas a procura de melhores condições de vida e de prosseguirem os seus estudos académicos, tem sido o factor principal do isolamento destes. Este fenómeno que continua a crescer sem controlo, tem merecido preocupação de muitos observadores atentos as questões ligadas a Guiné-Bissau.
Essas saídas provocam uma quebra de maos de obra à essas populações que sobrevivem daquilo que produzem nos campos de lavoura, porque os mais velhos não conseguem produzir além do suficiente para as suas dietas alimentares diárias. Outra situação tem muito a ver com a integração dos mesmos nas grandes cidades, o grande desáfio a enfrentar que muitos não conseguem aguentar, acabando por ser influênciados negativamente à práticas antí-social. É claro que alguns conseguem, com o apoio de famíliares radicados nos grandes centros urbanos, mais este número é ínfimo.
Esta constatação levá-nos obrigatóriamente a questionar o porque da continua concentração do poder "total" no Capital?
Nos vários estudos públicados sobre a Guiné-Bissau, em especial "Estudos nacionais próspectivos, Guiné-Bissau 2025" (Djitú ten ku ten) recomendou-se claramente de que é imperativo a operacionalização das estruturas administrativas regionais. Uma descentralização real do poder de forma a incentivar a participação activa da população no desenvolvimento local. É preciso o povo sentir que o seu trabalho esta a produzir efeitos; que o seu trabalho esta a contribuir para o crescimento económico da sua região, possibilitando a criação de postos de emprego; que o seu trabalho esta a permitir a construção e equipamento de infraestruras sóciais na sua região, como as escolas para os seus filhos, centros de saúde, estradas de acesso para escuarem os seus produtos, etc...
A luta para a cosolidação desse desenvolvimento local, pode promover efectivamente uma competitividade salutar à vários níveis e contrariar significativamente esse fenómeno.
Para tal a valorização e capacitação dos recursos humanos é imprescíndivel para a aplicação de estratégias de desenvolvimento local eficázes. Os serviços administrativos locais tem que ser apetrechados com homens imbuídos de orgulho e espírito de dedicação comum para uma nobre causa. Condições indispensáveis para que se possa ser atingido os objectivos.
Evidentimente para isso, é preciso a realização das eleições autarquícas, que legitima o poder local através do voto da população, e deve constituir uma prioridade.
" A Guiné-Bissua vai mudar".

Guiné-Bissau: Cakrísmo versus Sapísmo

Não obstante a tendência de interdependência nesta nova fase de transformação social em que o mundo se encontra e da analise que se faz da sociedade guineense para uma definição estratégica vís-a-vís a evolução sócio-económica e política, constacta-se com preocupação o afastamento a larga escala dos elementos caracteristicos que constituem o alicerce deste País, para enfrentar esta nova era.
A mediocridade encapotado de cinísmo selvagem, consequência de políticas governativa falhadas, cuja estratégia basea-se na intimidação e afastamento aos que pensam uma Guiné-Bissau mais coerente e sensível à trocas de ideias e conhecimentos.
O Cakrismo enraizou-se profundamente, sustentado pela sinicária ignorante e complexado, que
bloquea tudo o que se projecta, na ardua tarrefa de diminuir o distanciamento cada vez maior do país em relação aos outros países da sub-região em vias de desenvolvimento. Essa cultura hediondo, que se arraiga lamentavelmente na sociedade guineense à um ritmo acelerado, convida a todos os que estão preocupados com o futuro do país a uma ponderação séria sobre, que "modelo social" deve ser adoptado neste século de grandes desáfios.
Infelizmente, as consequências desta situação originou uma outra cultura oportunista. O Sapismo excêntrico, com que o país tem vindo a enfrentar nesta última decada de constante insconstância política, trouxe a tona a falta de maturidade política dos nossos ditos actores da cena. Assiste-se saltos incompreensíveis de personalidades políticas dum partido para outro, de mudanças repentinas de ideológias políticas, de luta pelo poder, de violações constantes da Constituição da República, de graves crises internos nos partidos... O que espelha claramente a falta de Noção de Estado, dos mesmos.
Tendo esses elementos de reflexão, questiona-se hoje, com mais preocupação, qual deve ser a prioridade do país? Que estratégia e modelo de desenvolvimento deve ser adoptado, num país com caracteristicas especificas da guiné?
A mundialização êxige respostas atempadas nesta era de informação, onde a cadeia de ligação benefícia os mais perspicazes e os mais ambiciosos ao desenvolvimento. A guiné tem que embarcar neste barco de globalização, apostando duma forma circunspecto na capacitação, valorização e credibilização dos seus recursos. A competitividade e crescimento tem de ser a palavra de ordem nesta nova fase, onde cada guineense tem de contribuir positivamente na mudança de mentalidade do seu proxímo, porque o desáfio de tirar o país nesta situação é comum.
É importante lembrar que sem uma colaboração construtiva e responsável de todos, a guiné não encontrará o caminho, mesmo que a comunidade internacional mande "comboios" de dinheiro.